quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Espírita, antes de mais nada.

Quem me conhece sabe que, antes de mais nada, me apresento como Espírita. Isto tem uma razão de ser: a Doutrina é, também, filosofia, portanto norteia minha existência através de sua reflexão, de seus axiomas. Jamais porque pretendo algum proselitismo. Respeito todas as formas de crer (e de não-crença religiosa) e entendo que cada qual tem o direito de trilhar os caminhos de espiritualidade (ou não-espiritualidade) conforme deseja (ou possa).

Desta maneira, digo também que sou Psicóloga, porém tenho uma base que me orienta nas questões do psiquismo. Para mim, o humano é um ser bio-psico-sócio-espiritual - quando nasce não é apenas uma folha em branco, mas traz tendências, saberes inconscientes e muito material inacessível a nós.  Ele é corpo, mas possui processos psíquicos, sendo amplamente influenciado pelo meio onde está inserido (influenciando-o, mutuamente). 

Mas não apenas isto: todos temos uma dimensão de transcendência (o "Deus está em vós"- ensinado por Jesus) - um aspecto da alma que jamais adoece e que pode ser acessado, dando-nos o impulso para a transcendência, para a superação. Sendo assim, embora reconheça a contribuição inestimável da psicanálise, com as questões do inconsciente, suas tópicas, defesas e outros conceitos, meu olhar vai também em direção a um humanismo que carrega em si a questão espiritual e sua tendência atualizante, evolutiva. Isso em nada diminui minha busca científica, ao contrário.  Não faz da minha práxis algo do tipo salada mista, ou salada mística (como preferir!), mas um fazer que compreende este olhar que segue além do plano material. Comungo com Viktor Frankl, com Carl Rogers, ou mesmo com Hellinger, aliás.

Porém também me ocupo, levo em conta os porões  do inconsciente e nosso lado mais sombrio com coragem, lucidez e boa vontade. Porque acredito que só quando reconhecemos nossos monstros mais secretos, aceitando-os como são é que conseguimos dar a eles um lugar dentro da realidade consciente, com possibilidades de abrandar sua força sobre nós, tornando-os gerenciáveis e, se possível, extirpando-os. 

Ainda dentro desta filosofia, tento ser mãe, esposa, amiga, escritora, fotógrafa e filha. Se cometo erros? Sim, claro!  Mas tento me manter  firme dentro do roteiro que escolhi, usando este "waze" existencial.

Aliás, posso dizer que me tornei vegetariana justamente por levar em conta os preceitos que decidi abraçar. Seria um contra-senso continuar nutrindo meu corpo com alimentos advindos do sofrimento/morte de outros seres.

Quando fotografo os elementos da natureza busco Deus em cada Ser. Também aí estou sendo Espírita. Quando me aborreço comigo mesma, por conta de alguma "pisada na bola", ou  quando toco uma canção no meu violão, estou sendo Espírita. 
Até quando decido me calar ou dizer algo específico...

Poderiam dizer que existem outras filosofias que carregam estas tendências. Sim, eu sei. A filosofia Budista chega bem perto, aliás. Então, por que não sou Budista? Porque não acredito na metempsicose e, para mim, existe uma força cósmica soberanamente inteligente e amorosa, a que chamamos Deus. 
E por que será que não sou hinduísta, já que para eles o Ahmisa (não-violência) está na base, assim como a questão da divindade em cada um, a reencarnação, etc.? Porque também não sou a favor da manutenção das castas* - tenho uma crítica social totalmente cristã (de esquerda, portanto), onde não cabem privilégios para uns em detrimentos de outros. Enfim, existem outros pontos, mas já bastaria este para justificar minha decisão.

Escrevo isso não para influenciar pessoas, mas para dizer que (como um desabafo) enquanto vida em mim existir, continuarei divulgando a necessidade do amor a todas as criaturas, tanto para com os homens, mulheres e crianças (por isso escolhi a Psicologia), como  para com os animais, vegetais e mesmo os elementos de onde se originam e se mantém todos os tipos de vida: ar, terra e água. 

Também escrevo para dizer que não acho "menos espírita" aquele que, assim como eu, ainda derrapa nas estradas da vida. O que já faz isso mas não faz aquilo outro..  Aliás, julgar o fazer dos outros não está no roteiro deste Blog, nem da minha vida. Apenas falo de mim, das minhas escolhas... e convido a quem quiser/puder escutar este chamado Espírita a este pensar/repensar das próprias escolhas. 
Apenas isto. 

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*Em textos clássicos do hinduísmo, como os cânticos do Rig Veda (2400-1000 a.C.) ou as leis de Manu (500 a.C.), já se encontram alusões à existência de quatro varnas que dividiam a sociedade: os brâmanes (sacerdotes e intelectuais), os xátrias (guerreiros, administradores e monarcas), osvaixás (comerciantes e agricultores) e os xudras (serviçais em geral). Alguns desses textos clássicos representam códigos religiosos-legais que regulamentam condutas sociais, profissionais, aspectos morais e éticos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Cowspiracy - O Segredo da Sustentabilidade

Diversos documentários tem sido produzidos nos últimos anos, alertando sobre temas ambientais, que estão intimamente ligadas com questões alimentares.

Não dá para falarmos sobre sustentabilidade e nem sobre a prevalência de vida na Terra sem tocarmos neste assunto delicado, chamado carnivorismo.

Sou conhecida por ser Espirita e Psicóloga. Também por ser vegetariana. Entretanto, muitos acreditam que este último título de identificação pessoal nasce do nada, sem ligação íntima com as qualificações anteriores a ela. Não, não é assim...

Sou vegetariana porque, sendo Espírita, entendo que todos os reinos devem ser respeitados, sem preferências, que toda a vida deve ser protegida, que a natureza merece nosso amor e cuidado.

E isso deve estar acima das questões culturais.

Até algumas décadas tínhamos a ignorância como álibi, agora não mais! Já sabemos que não podemos mais seguir adiante sem mudarmos nossos hábitos. 







domingo, 1 de fevereiro de 2015

Salada Viva de Abobrinhas com Coco Verde e Brócolis

Neste final de semana resolvi dar um gás na alimentação viva, aqui em casa. Com os ingredientes que tinha, montei uma entrada, inspirada em uma receita da Bela Gil, que, originalmente está como Caprese de Abacate, mas resolvi re-batizar como "Brusqueta sem Pão", de Tomate Momotaro com Abacate e Pesto (colocarei a receita, da forma como fiz, abaixo).

Depois desta entrada, servi uma gostosa salada de Abobrinhas com Coco Verde e Brócolis.

Veja como montei:

Ingredientes:

1 abobrinha caipira ralada em ralo grosso;
4 flores de brócolis ninja picadinha bbem pequena;
1 polpa de coco verde ralada em ralo grosso (neste caso não pode ser de coco muito mole.  Se não tiver de coco verde, pode ser se coco normal, mais duro);
Cebolinha picada
Oregano fresco
Azeite extra-virgem
Sal Marinho ou do Himalaya
Suco de meio limão
Sementes (gergelim preto, linhaça e gorassol)

Modo de Fazer:

Misturar os ingredientes ralados e picados e temperar com o sal, limão e ervas.

Uma salada "crocante"e deliciosa!


* A abobrinha crua possui muitas vantagens nutricionais, dentre elas a questão das fibras, pois contem, potencialmente, 10% das fibras necessárias ao organismo (valor diário). Além disso, possui proteínas!
Já o brócolis cru tem a impressionante carga de 86% de vitamina C necessária! Além disso, possui ferro, manganês, fósforo, cálcio, Zinco e aminoácidos diversos. Ah! Também possui proteínas!
Ou seja, um alimento pra lá de rico e importante!

Aos que se interessam por uma alimentação vegetariana e temem a questão das proteínas, vale uma pesquisa mais aprofundada a respeito. Encontramos nos vegetais tudo o que precisamos, com larga vantagem sobre alimentos de origem animal.


* Voltemos às Brusquetas (sem pão), de Tomates Momotaro com Abacate e Pesto.

Ingredientes:

3 tomates do tipo momotaro, tamanho grande, cortado em fatias grossas.
1 abacate maduro cortado em fatias;
50 gms de nozes;
1/2 xicara de azeite extra-virgem;
manjericão;
Cebolinha picada;
Oregano fresco;
suco de 1/2 limão, pequeno;
Sal Marinho ou do Himalaya.

Modo de Fazer:

No liquidificador, coloque as nozes, o azeite e folhas de manjericão. Reserve algumas folhas para enfeitar.
Bata até ficar um molho homogêneo, esverdeado.
Em um prato, monte as brusquetas, colocando fatias de tomate na base. Regue com este molho batido, coloque a fatia de abacate no recheio, coloque mais molho e  cubra com uma fatia do tomate, formando pequenos sanduíches, sem pão. Cubra com molho e enfeite com cebolinhas, orégano e a folha do manjericão.

Bom apetite!



10 (URGENTES) Motivos Para nos Tornarmos Vegetarianos

A ONU  lançou relatórios conclusivos, com importantes documentos que ligam a questão do Aquecimento Global ao Estilo Alimentar.
Afirmou, através de estudos e fortes evidências que a alimentação carnívora causa destruição não apenas à vida animal, mas planetária, como um todo.
A criação de gado implica em desmatamento para pastos, mas também para plantio de soja, posteriormente transformada em ração para este mesmo gado. 


Os resultados são péssimos:


1) Degradação do solo;

2) Perda da Biodiversidade;

3) Desmatamento;

4) Desertificação;

5) Doenças (mais de 65% das doenças infecciosas humanas são transmitidas por animais);

6) Emissões de Gases de Efeito Estufa;

7) Declínio Oceânico - O setor da pecuária é a maior fonte de poluição por nutrientes, o que causa a proliferação de algas tóxicas e diminuição de oxigênio, levando a "zonas mortas"oceânicas, que são incapazes de sustentar qualquer vida); 

8) Poluição De todos os Setores (a indústria da carne é a maior fonte de poluição da água. Resíduos animais excessivos e sem regulamentação, fertilizantes químicos, pesticidas, antibióticos e outros contaminantes relacionados ao gado entopem as hidrovias);

9) Uso Excessivo de Recursos Combustível (Um bife de 170 gramas requer 16 vezes mais energia de combustível fóssil do que uma refeição vegana, contendo três tipos de hortaliças e arroz.
Um quilograma de carne bovina equivale a dirigir 250 quilômetros e a acender uma lâmpada de 100 watts por 20 dias sem parar.
Emissões: As emissões da dieta à base de carne são equivalentes a dirigir um carro por 4.758 quilômetros - que corresponde a 17 vezes as emissões de uma dieta vegana orgânica, o que equivale a apenas 281 quilômetros. Em outras palavras, uma dieta vegana orgânica produz 94% menos emissões do que uma dieta baseada em carne.
Terra: Um comedor de carne requer 2 hectares - que são 4 acres de terra - para sustentá-lo. Mas os mesmos 2 hectares, ou 4 acres de terra, poderiam sustentar o estilo de vida saudável de 80 veganos. (Entrevista da Supreme Master TV com o professor de direito Gary Francione dos EUA , da Universidade Rutgers, EUA (2008)
Alimentos: Atualmente, 80% das crianças com fome vivem em países que exportam produtos alimentares geralmente para alimentar animais de granja.
Dois terços das exportações de grãos dos EUA alimentam o gado em vez de pessoas.
A produção de 1 quilograma de carne bovina requer 7 quilogramas de cereais para a alimentação animal que poderiam ir diretamente ao consumo humano,
 enquanto rende menos de um terço da quantidade de proteína.
Cerca de 40% da oferta mundial de grãos está indo para o gado, 
 e 85% da soja rica em proteína do mundo está sendo utilizada para alimentar o gado e outros animais.
Água: Uma pessoa usa até 15 mil litros de água por dia para uma dieta baseada em carne, que é 15 vezes mais água do que um vegano usaria.);

10) Escassez de Água (de acordo com o Instituto Internacional de Estocolmo para a Água, a agricultura representa 70% de todo o uso da água, a maior parte disso vai para a produção de carne. Requer-se até 200.000 litros de água para produzir 1 quilograma de carne bovina, mas apenas 2.000 litros para produzir 1 quilograma de soja, 900 litros para cultivar 1 quilograma de trigo e 650 litros para 1 quilograma de milho).

Abaixo, o link para um rápido video, com diversos depoimentos de cientistas do mundo todo sobre o assunto, para nossa reflexão:








sábado, 11 de outubro de 2014

Eu, Zélia e as Muitas Marias

Hoje a postagem seguirá outro ritmo e tom. Não falarei sobre receitas veganas, vegetarianas, ou sobre posturas ambientais. Porém, não estarei fora do meu "estado crítico" [no sentido racional da palavra e não fisiológico].

Abaixo, trago uma reflexão, talvez utópica, talvez errônea, não sei, mas que brota de um coração sincero. 

Não desejo convencer ninguém, tampouco provocar. 

O desabafo parece ser meu móvel primevo. Se não for, adiante saberei.


Quando decidi assumir um segundo casamento, junto comigo veio a Zélia, uma ajudante que estaria bem perto, ombro-a-ombro, ao longo de todos estes anos, assumindo comigo os serviços da casa, cuidando da horta, dos animais e, vez ou outra, do meu filho.

Zelia tem dez anos a mais que eu. Nasceu no Paraná, em família simples, trabalhadores da roça. Ainda pequena, precisou assumir o cuidado dos irmãos mais novos que ela, além de ajudar nas plantações dos donos do sítio - uma família de japoneses que, por sorte, eram bondosos para com eles. 

Como acontece com muita gente deste Brasil imenso [em tamanho e desigualdades], ela também não teve oportunidade de estudar. Foi aprender a ler e escrever, pouco tempo atrás.

Quando nos conhecemos, tive a impressão de estar vivendo algo como um casamento arranjado, pois assumi a casa e ela entrou na mesma semana, indicada pelo meu marido.

Não sabíamos nada uma da outra e teríamos de conviver diuturnamente, tentando alinhar nossos mundos, nosso jeito de ser e de viver. E, demos certo! Sabe por quê? Porque nos respeitamos e nos cuidamos, desde o primeiro instante em que nos vimos.

Poucas pessoas se dão conta da grandiosidade que existe no trabalho de uma assistente do lar. A arte da convivência nossa de cada dia implica muito mais que a questão das técnicas de limpeza e cuidado, mas demanda amor, dedicação, empatia, doação.

Zelia nunca foi apenas uma “empregada doméstica” [coloco entre aspas, porque a forma como usamos este termo faz-me lembrar dos resquícios da escravidão, uma vez que os parcos direitos destas pessoas só foram reconhecidos há pouco, em nosso país]. Foi e é bem mais que isso. Ela doa seu tempo, sua energia, sua saúde por todos nós, dia após dia, semana após semana. Como mensurar isso? Como pagá-la de forma justa, diante do que nos oferece?

Assim como Zélia, existem milhares de outras mulheres, as Marias do mundo, que se doam, deixando inclusive seus filhos e parentes em segundo plano, buscando um sustento capenga, muito aquém do mínimo necessário. Sim, buscamos compensar parte de suas dificuldades, tratando-a com amor, com respeito, pagando um salário digno, observando suas necessidades, cumprindo com a “nossa parte”. Mas, de repente, me pego pensando: 

- Afinal de contas, qual é mesmo a minha parte neste assunto e em tantos outros, de ordem social?

E a pergunta não surge por questões vinculares, uma vez que nossa relação é sagrada, pautada no carinho e cumplicidade. Mas é de ordem prática, financeira, salarial.

Mesmo pagando algo acima da média do que pagam por aí, o salário de Zélia é mesmo justo? O que justifica a hora dela valer 15% do que vale a minha, por exemplo, só porque tive oportunidade de estudar? Porque meu empenho é mais valorizado que o dela, se, no final das contas, nos doamos na mesma medida?

Marilena Chauí fala a respeito deste assunto no seu livro “O Que É Ideologia”, contando os aspectos históricos desta questão. Conta sobre um período estranho, em que passamos a achar que o saber valia mais que o fazer. Que aquele que sabe deve ter mais poder que aquele que não sabe. Mesmo que este segundo doe a própria vida, de sol-a-sol, nas lavouras, fábricas ou lares do mundo. 

Onde a justiça?

Eu sei que não posso mudar de uma hora para outra esta rede que nos envolve. Mas tenho o dever de construir um olhar crítico a respeito. Enquanto os sonhos da elite se constroem com piscinas e viagens, aqueles que não tiveram acesso às informações constroem sonhos de menores filas no SUS ou um teto para se abrigarem do frio e da chuva. 

E não me venham os elitistas de plantão me dizer que aquele que se esforça chega lá. Oras, me poupem deste discurso individualista, reducionista, absurdo, cego com relação à rede perversa do sistema! Enquanto um consegue, outra centena não tem oportunidade, nem com muito esforço, porque esta ascensão financeira depende de muitas questões e não apenas do esforço de cada um, embora sem este seja impossível alguma melhoria.

E mais: não acredito que aquele que se encosta deve ser apoiado por aquele que trabalha. Mas acredito que o tempo usado de forma útil e produtiva, deve ser reconhecido da mesma maneira, com o mesmo peso e na mesma medida. Que tal salários mais equivalentes, diminuindo o de alguns para que outros subam? Que tal uma redistribuição mais justa? 

Médicos podem alardear que cuidam de vidas e então devem ganhar mais pelo peso de sua responsabilidade. E o que faz a Zélia, senão cuidar de vidas, preparando alimentos, cuidando das roupas, limpando a casa, com sua higienização profilática? Mesmo que ela ganhe menos, nada justifica que seja tão menor este valor!

Recrimino a exploração, é isso.

Não, queridos eleitores pró situação ou oposição, não de trata de campanha, pois até hoje nenhum governo, fosse de esquerda ou direita, conseguiu alterar esta realidade, porque esta situação ultrapassa limites territoriais, até. É, como apontou Chauí, uma questão ideológica, ampla, mundial.

Aquele que não possui conhecimento não sabe o valor exato de sua mão-de-obra. Não conhece sobre mais-valia. Não percebe as garras do sistema.

Distribuir renda não significa bancar vagabundos, mas pagar a quem trabalha de forma justa, mesmo que isso nos custe abrir mão de piscinas e viagens ao exterior. Que não falte comida no prato das pessoas, mesmo que na de muitos desapareça o caviar e a lagosta. Que não falte transporte digno, nem casas, nem hospitais, nem nada. 

Não prego o final do dinheiro, mas um socialismo cristão, em que as pessoas possam olhar para as outras como irmãos e não como concorrentes, servos ou inimigos. 

Minha companheira Zélia vale o tempo que dedica à minha família. E isso não tem nada a ver com o que ela acumulou de conhecimentos ao longo da vida, mas com aquilo que ela faz de bom para mim e para o mundo.

Sim, eu também me beneficio do sistema, dirão muitos. É verdade. Mas não é menos verdadeiro que isso atinge minha mente e coração e que gostaria que tudo mudasse. Sim, prego uma vida simples. Quem convive comigo sabe do que falo.

A verdade é que é triste o saber sem a força para o fazer. 

Este incômodo no meu coração existe, trabalharei com isso, mas não quero despistá-lo. Não irei dopá-lo com comprimidos ou desculpas esfarrapadas pró self-made-man.

Um mundo justo depende bem mais que de esmolas e separação de lixo. 

Precisa de empatia. 

E, depois dela, de muita coragem para se fazer diferente do que temos feito até aqui. 

O Planeta precisa. 

Todos precisamos de mais justiça, cuidado e amor.





quarta-feira, 7 de maio de 2014

Mudanças Climáticas: Uma Dura Realidade Que Precisamos Aprender Como Enfrentar

Sei que existe  parte do meio científico que alardeia o fato de que as mudanças climáticas ocorrem de tempos em tempos no Planeta e que a ação humana pouco ou nada tem a ver com esta questão.

Por outro lado, existem os que se empenham em defender a tese de que nós humanos causamos diversos distúrbios na natureza, dentre eles o aquecimento global, por emissão de CO2 (dentre outros), derretendo calotas polares, permitindo a vazão de metano em grandes quantidades, acelerando sobremaneira tal aquecimento, podendo levar a extinção da vida na Terra.

O fato inegável é que nós não aprendemos ainda como nos comportar dentro do nosso meio. Somos assassinos ecológicos, causamos males terríveis a natureza, não respeitamos sequer a própria espécie, pois acumulamos bens, desejamos o supérfluo, em detrimento de muitos que estão às minguas.

A questão alimentar perpassa o tema destacado, afinal a alimentação carnívora está na contramão da real necessidade e urgência. Os números não nos deixam margens para especulações contrárias.

Um boi, para gerar em média 200 kg de carne em cerca de 4 a 5 anos, consome de 3 a 4 hectares de terra, o que daria para produzir, neste espaço e no mesmo período de tempo, 19 toneladas de arroz, ou 32 toneladas de soja, ou 34 de milho, ou 23 de trigo ou ainda 8 de feijão, sendo que o terreno suporta 2 a 3 colheitas por ano!

Quase um terço da superfície terrestre do planeta é destinada à criação de gado.
Além disso, anualmente, cerca de 200.000 km quadrados de florestas tropicais são destruídos para criação de pastos para gado, levando à desertificação e extinção de aproximadamente 1000 espécies de plantas e animais. Uma lástima.


Porém, e embora esta triste realidade, e mesmo se levarmos em conta que a ação humana não seria causadora de desastres naturais (que me parecem muito mais respostas claras aos nossos desmandos), o que precisamos analisar com urgência são as questões de adaptação.

Ontem (06/05/2014) saiu o relatório sobre Mudanças Climáticas, com 1300 páginas e mais de 240 cientistas envolvidos:  Mudanças Climáticas – Versão Final do Relatório do Governo dos EUA


“As mudanças climáticas, antes consideradas um conjunto de eventos para o futuro distante, moveu-se com firmeza para o presente.  As evidências são visíveis desde a mais alta atmosfera até o fundo dos oceanos.  Os norte-americanos estão percebendo as mudanças climáticas em todos os lugares à sua volta.  Os verões estão mais longos e quentes, e os períodos de calor extremo se estendem mais do que qualquer norte-americano jamais experimentou.  Os invernos tornaram-se mais curtos e quentes.  A chuva chega em pesadas tempestades, embora em muitas regiões ocorram prolongadas secas entre elas.” – afirma o relatório preliminar (que se encontra disponível para download em sua totalidade e em capítulos, já que o arquivo completo é muito pesado, com 147 MB).

O relatório afirma que a temperatura média nos EUA subiu 0,8º C desde o início dos registros, em 1895, mas que desse aumento cerca de 6,4º C ocorreram depois de 1980.  A última década foi a mais quente da história dos EUA desde o início das medições.  A temperaturas estão subindo mais rapidamente do que a média nas latitudes mais altas, como no Alaska.

“Períodos de extremo calor, que batem todos os recordes, estão acontecendo até mesmo à noite, e espera-se que ocorram mais secas e incêndios por combustão espontânea no sudoeste.  Ao mesmo tempo, o nordeste (dos EUA), o meio-oeste e os estados situados nas Grandes Planícies verão aumentar as tempestades e as enchentes.” – afirma o relatório (de acordo com a mesma fonte).

Algumas mudanças já estão tendo efeitos mensuráveis na produção de alimentos e na saúde pública, afirma o relatório.


Por determinação do Congresso, esse tipo de relatório deveria ser produzido a cada quatro anos, mas isso nunca ocorreu antes, desde o período de George W. Bush ou no primeiro mandato de Obama.

"Vale lembrar que Os EUA, de longe o país responsável pelas maiores emissões de gases causadores de mudanças climáticas per capita, mesmo exportando grande parte de sua produção para a China e outros países, nunca subscreveu a qualquer tratado internacional para reduzir essas emissões." - lembra Luís Prado, economista e ecologista, escritor e comentarista ambiental.

Mas, e o que faremos com estes resultados que batem a nossa porta? Como darmos conta de nos adaptarmos a esta nova realidade, que muda a cada dia para pior?

Cabe-nos primeiramente uma reflexão. Se tudo o que viemos fazendo ate agora está nos levando ao buraco, continuarmos na mesma trilha só nos fará cair, desesperar, sem nenhum proveito com as experiências vividas.
Nosso modo de ser na pós-modernidade, com relações fluidas, ações automáticas e devaneios materialistas, tem-nos feito reféns das psicopatologias e psicotrópicos.

Já passamos da hora de nos perguntarmos os porquês do mundo, da desigualdade, dos desmandos políticos, do consumo e todos os seus acompanhantes, filhos de um sistema predatório no qual estamos inseridos, adoecidos e dormentes.

Já não há mais tempo para continuarmos com o eterno "deixa pra depois!". Precisamos nos preparar (também psicologicamente) para darmos conta da demanda. Embora ainda acredite em amenizações (se mudarmos já!), entendo que mesmo assim teremos momentos difíceis pela frente.

Deveremos nos munir de muita perseverança e resiliência. Como já alertou o amigo Denis Moreira, autor do livro "A Grande Transição da Terra - O Sentido de Urgência",  a melhor preparação para darmos conta de eventos deste porte “é íntima, psíquica, no palco das emoções, na fortaleza da mente, non reino do Espírito. De pouco adiantará se preparar para desastres naturais, para se proteger da criminalidade, de ameaças terroristas, de enfermidades epidêmicas, das oscilações da economia ou de tragédias pessoais, se nossa vida não tiver um significado maior, transpessoal; se o nosso Espírito estiver vulnerável, oco, vazio, sem uma granítica base espiritual. O cristão, e em particular o Espírita, tem se preparar para as perdas. Deve compreender a morte como um fenômeno natural e não como um fim. Precisa estar preparado para manter o equilíbrio, a paz interior, o bom senso, mesmo em situações extremas. Mais que isso, deve estar a postos para prestar auxílio e não para ficar paralisado, reclamando da vida e assustado” (MOREIRA, p. 210).

Um significado maior, transpessoal significa ter um sentido de vida. Como já dizia Viktor Frankl, "Quem tem um 'porquê', enfrenta qualquer 'como'".



Precisamos buscar nos recônditos da alma, a função de nossa existência, a razão de estarmos aqui, neste mundo, neste momento histórico, nesta cultura. E, a partir daí, seguirmos adiante, fortalecidos e com novas aspirações, mais nobres, mais humanas, mais fraternas e ecologicamente corretas.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Cinderelas: Fiquemos com a abóbora. Inteira!

Em outro post comentei que jogamos fora, no nosso dia-a-dia, diversos alimentos [ou parte deles] ricos em nutrientes, devido a nossa ignorância no assunto.


Folhas do brócolis, da couve-flor, da beterraba, talos de diversas plantas são lançados diariamente ao lixo, sem nenhuma dor na consciência, enquanto tantos passam fome pelo mundo.

É compreensível, pois isso ocorre devido a nossa aprendizagem em nossa cultura, que ainda por cima prioriza o industrializado, acima do fresco.

Com a abóbora, a cenoura e determinadas frutas não é diferente

A maior parte das pessoas se desfaz de suas cascas como se fossem uma parte venenosa do alimento, sem se darem conta de que, em verdade, estão abrindo mão de verdadeiro tesouro alimentar!

Hoje, lendo a revista "Vegetarianos", encontrei o seguinte relato: "Segundo dados da ONG Banco de Alimentos, a casca da abóbora tem 104% mais proteína, 120% mais fibras e 54,5% mais potássio do que sua polpa. Enquanto a rama da cenoura tem 306% mais proteína do que ela em si e quase 190% a mais de fibras.

No caso das frutas, a disparidade é ainda maior: a casca da melancia, por exemplo, tem 388% a mais de potássio do que sua polpa. O potássio é um importante nutriente que auxilia no controle da pressão sanguínea, na formação dos nervos e na prevenção de câimbras."


Entendo que aprendemos com nossas mães e avós que as cascas de grande parte dos alimentos devem ser descartadas. Se levarem veneno, até concordo.
 Entretanto, as cinderelas de plantão que cuidam de sua saúde e da dos familiares, comprando alimentos orgânicos, podem e devem aproveitar muito mais!