quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A Paz Nas Refeições

Conheci uma senhora que se queixava de dor de estômago, com frequência.

Dizia que a comida não lhe caía bem, embora cozinhasse alimentos de qualidade, sem carnes, nem venenos.

Vegana, fazia tudo dentro dos padrões nutricionais, com muito capricho.

Comentou que foi ao médico, fez muitos exames, sem descobrir a causa.

"- É como se sentisse uma faca enfiada no estômago" - dizia ela.

Então, certa vez, perguntei:

"- Você come em paz?"

Ela ficou quieta, parecendo não entender a pergunta que fiz.

Decidi refazer a questão, desta vez de forma mais completa:

"- Quando você está comendo, o clima em família é de amorosidade? Vocês se tratam bem, com carinho?"

Eu sabia que ela sempre almoçava com o marido, já aposentado e que, vez ou outra, a filha mais velha vinha visita-los no horário das refeições.

Baixou o rosto, fechando os olhos, como se estivesse evocando memórias difíceis e respondeu:
"- Xi, minha filha...todo dia tem encrenca em casa. Ou é porque eu fiz algo, ou porque deixei de fazer. Ele fala e eu revido. Quando percebo, estamos gritando. Não aguento ficar de boca calada".

Pedi que fizesse uma experiência,  então. Que formulasse uma oração todos os dias, durante o preparo dos pratos. Que se ligasse à Deus e pedisse que abençoasse o alimento e o lar. E que durante a refeição, tentasse ficar tranquila, mesmo que viesse algum dardo do companheiro. Que não revidasse.

Meses depois, a encontro na rua e, com um sorriso no rosto, me contou que as dores tinham passado.

Então, comentei: "Você conseguiu retirar a 'faca' que colocavam juntos no seu estômago. Acontece que as discussões nos atingem e acabamos 'engolindo' muito mais que comida. Colocamos para dentro mágoas, raivas, indignação, angústias..."

Ela concordou, nos abraçamos e cada uma seguiu seu caminho, retornando às atividades do dia.

Por que conto esta história? É que acho importante a questão de levarmos a paz à mesa, sem ingerirmos carnes dos animais, sem nos enchermos de agrotóxicos, sem colocarmos a morte no prato. Porém, esta paz não diz respeito apenas ao que comemos, mas também ao que falamos, ao que sentimos, ao que pensamos.

Alimento bom é alimento enriquecido de amor.
Se os dardos mentais forem lançados, tornar-se-á comida indigesta, fazendo mal ao físico e à alma.

Paz para todos!



Nenhum comentário:

Postar um comentário