terça-feira, 22 de outubro de 2013

Sobre beagles, macacos, ratos e camundongos...

O texto abaixo foi escrito pelo Dr. Alberto Gonzalez Peribanez, médico, professor e amigo, que muito me ensinou sobre alimentação viva e ética vegetariana. Foi com ele que pude conhecer e desbravar diversos temas relativos a questão da saúde humana, através de aulas muito interessantes e revolucionárias, no Parque Estadual Intervales.

Convido-os à leitura e reflexão sobre a questão da indústria farmacêutica, os lucros de corporações e o uso desumano de animais e mesmo seres humanos na produção de mais dinheiro e poder.

Um sistema corrosivo, opressor, voltado para a morte, que só pode ser desmantelado com uma mudança radical de nossa postura.

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Sobre beagles, macacos, ratos e camundongos...

... O que se torna questionável na atual forma do exercício da docência em medicina é que semestres adiante os alunos terão em mãos um formidável arsenal de medicamentos e equipamentos de alta tecnologia diagnóstica e interventiva, que os habilitem a desmantelar, interromper, suprimir e mutilar as perfeitas rotas metabólicas e sistemas fisiológicos que foram ensinados no ciclo básico. Não há sequer uma menção, no ciclo clínico, de como fazer o regresso ao estado de saúde pela recuperação da fisiologia e metabolismo normais.

A prática alopática cristaliza-se mais adiante na vida profissional, através de uma fiel e abrangente parceria estabelecida entre a indústria farmacêutica e a de prestação de serviços médicos. Está representada em diversos níveis: i) pesquisa experimental em animais; ii) terapêutica exploratória em voluntários saudáveis, iii) testes em pacientes selecionados e iv) testes em mais duas fases de pacientes, até que novos medicamentos sejam aprovados.

Os custos de pesquisa e desenvolvimento por cada molécula ou princípio ativo, esta pequena parte da natureza que estará concentrada em um comprimido, são de aproximadamente US$ 800.000.000 (oitocentos milhões de dólares). Somente uma de cada 10.000 moléculas sintetizadas chegará ao mercado. Mesmo assim, a indústria farmacêutica viu seu faturamento anual aumentar de US$ 6,18 para US$ 10,3 bilhões entre 1994 e 1998. Pode-se facilmente concluir que existe grande prosperidade nos meios médicos e industriais onde estas quantias circulam. Infelizmente o mesmo não se aplica aos que estão doentes, do outro lado do mundo e do balcão, sem dinheiro para comprar remédios.

Formam-se então vínculos duradouros entre representantes da indústria de medicamentos e os grupos médicos envolvidos nas mencionadas pesquisas. No Brasil esta cumplicidade se estabelece nas fases 2 e 3 da terapêutica exploratória, quando os efeitos colaterais ainda não são plenamente conhecidos. Exemplos drásticos são o do Vioxx e Celebra, que foram trazidos ao país com grandes honras, na forma de anti-inflamatórios sem efeitos gastrointestinais, mas provaram, após anos de uso em milhões de pacientes, ser capazes de dobrar os riscos de infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais. Definitivamente, uma triste situação para os que estão doentes e só podem contar com remédios que, além de caros, são perigosos.

Documentos de grandes empresas de medicamentos foram revelados, deixando claro que estas multinacionais detém os conhecimentos da cura da maior parte das doenças por métodos naturais, ou "fisiológicos" e obstruem de forma sistemática a divulgação destes. A revelação de seu conteúdo colocaria em cheque o uso da maior parte dos medicamentos conhecidos

...Em minhas aulas digo em tom de brincadeira, que troquei o microscópio pelo liquidificador. De fato, passei oito anos de minha vida entre a Alemanha e o Brasil, pesquisando microcirculação, com equipamentos de alta tecnologia. Os resultados de minhas pesquisas eram levados a um grupo seleto de pesquisadores. Há dois anos venho fazendo palestras com um liquidificador, entre outros apetrechos de cozinha. Os resultados das pesquisas já não são mais meus, pois são trazidos por todos os participantes da mesa, num processo criativo coletivo. Mesa que recebe cientistas, donas de casa ou pedreiros.

Também digo que troquei a bancada do laboratório pela pia de cozinhas ao redor da cidade. Aos invés de realizar experimentos com melancólicos ratinhos, minhas mãos ensinam outras a germinar, no seio daquelas cozinhas, as sementes da nova vida...

"Lugar de Médico é na Cozinha!" Editora Alaúde

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