Em nosso pequenino sítio temos 4 vacas, um boizinho, dez galinhas, três cachorros e muitos outros bichos soltos - esquilos, pássaros, macacos, borboletas...
Lá a vida se respeita.
Se for para morrer não será pelo prazer efêmero, mas para a manutenção da vida.
Aliás, cada um só se alimenta do que precisa: as lagartas, das folhas; os pássaros de frutos, insetos e sementes; as galinhas do milho e insetos; as vacas do pasto; os esquilos das sementes e nozes e nós dos alimentos de origem vegetal.
Entendemos que cada espécie tem as suas necessidades e que devem ser observadas, mas em tudo também percebemos amor, cooperação, interdependência.
Este boizinho da imagem chama-se Ruivo. Ele nasceu faz 17 meses e já pode ser considerado um adolescente de ótima saúde e boa disposição.
Ainda lembro do dia em que nasceu.
A mãe, ruiva como ele, parecia muito preocupada com o pequeno. Não saía de perto e se tentássemos separá-los (para medicá-la ou cuidar dele, em separado), ela ficava enfurecida, lançando-se contra a cerca, enfrentando qualquer desafio para não perde-lo de vista.
E eu, na minha ignorância e simplicidade, pensava comigo: "Isso logo passa. Os animais só se ligam aos filhotes enquanto estes precisam de seus cuidados. Após o desmame, eles se afastam".
Ledo engano!
Ontem, meses após o desmame, vi a enorme vaca defendendo-o, como se fosse ainda um pequeno bezerrinho, recém-nascido.
Nosso cão, deveras ciumento, ao me ver junto dos dois, aproximou-se latindo, enfrentando o gado, tentando morder suas patas.
A mãe de Ruivo não pensou duas vezes. Empurrou o filho para o lado, usando seus chifres enormes, e foi para cima do cachorro. Quase que o pisoteou!
Eu fiquei muito impressionada com a visão, pois pude perceber a tensão do momento, a angustia da mãe em defender o filho e a obediência dele, saindo de cena após o empurrão da mãe.
O cão? Saiu correndo! Até eu fiquei com medo!
No final, a certeza de que o sentimento continua, sim...
Animais criam laços, são amorosos, e não apenas os "domesticáveis", como costumamos pensar.
Quando separamos os filhotes de suas mães, por conta da questão da retirada do leite para utilização humana, estamos fazendo muito mais mal do que imaginamos.
Além de não ser um bom alimento para nós, humanos, acabamos por prejudicar também [e muito mais] a vida do bezerro [nutricionalmente e emocionalmente, podem acreditar!]. Isso sem falar na mamãe vaca...
Ame mais. Coma menos carne... beba menos leite.
A natureza, mãe sábia e amorosa, agradece!
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